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terça-feira, 15 de julho de 2008

INSTITUTO ESTADUAL RIO BRANCO História – 2º ano


HISTÓRIA VESTIBULAR E ENEM – Prof. Otávio


REFORMA

1 – Antecedentes da Reforma

A reforma protestante foi um movimento religioso e político de contestação à Igreja Católica Apostólica Romana; resultou na proliferação de novas igrejas/seitas e na destruição da unidade cristã na Europa Ocidental.

Durante a Idade Média, vários Papas tentaram fazer uma “reforma” moral e ética na Igreja, restaurando sua dignidade e eliminando os abusos do clero. procuravam eliminar o “mundanismo”, ou seja, o hábito do clero pelos prazeres materiais; nessa época era comum o enriquecimento, a acumulação de bens materiais e poder.

A princípio, os movimentos de contestação foram vistos pelos conservadores como movimentos heréticos do tipo bogomilos na Bulgária e cátaros, ou “seita dos abafadores” na Europa; ambos tiveram seus líderes condenados, excomungados e mortos na fogueira, em praça pública.

Antes da Reforma de Lutero, houveram tentativas como os casos do inglês John Wycliffe e do tcheco John Huss, ocorridas no final do século XIV e início do século XV.

John Wycliffe (1330 a 1384), teólogo inglês, negou a jurisdição do Papa de Roma sobre o reino da Inglaterra, associando-se à política anti-papal do Duque de Lancaster, que o nomeou reitor da Universidade de Lutterworth e seu representante na cúria de Brugge (ou Bruges – cidade do noroeste da Bélgica – capital da província de Flandres).

Em 1376, no discurso “Sobre o Domínio Civil” condenou a intervenção eclesiástica na política. manifestou-se contra a existência da Igreja como instituição organizada e valorizava o sentimento individual da fé. Traduziu o texto latino da Bíblia – a “Vulgata” para o inglês, sendo por isso considerado o fundador da prosa inglesa. Depois de enfrentar com sucesso a hierarquia católica, viu-se abandonado pelo rei, quando este precisou da Igreja para sufocar a Rebelião Camponesa de 1381. Foi então obrigado a uma retratação, mas sua doutrina iria influenciar os Lolardos e John Huss.

Lolardo é o nome dado às confrarias que, desde o século XIV, cuidavam de vítimas de epidemias; eram os seguidores de John Huss (1369 a 14150. Considerado herói da Boêmia (atual república Tcheca), foi sacerdote e reitor da Universidade de Praga, influenciou-se pelas idéias de John Wycliffe e passou a atacar a hierarquia católica e seus abusos. Apoiou a posse do papa Alexandre V no Concílio de Pisa que depusera o papa Gregório II e o antipapa Benedito XIII. o arcebispo de Praga permaneceu fiel a Gregório II e passou a condenar as pregassões de Huss. Excomungado em 1411, foi defender suas idéias no Concílio de Constança em 1414 munido de um salvo-conduto dado pelo Imperador Sigismundo (14/02/1368 a 9/12/1437) mas acabou sendo preso, condenado e queimado vivo como herege pela inquisição. Sua morte desencadeou uma revolta armada nacionalista e religiosa na Boêmia. No conflito, seus seguidores, os hussitas, contestaram a autoridade do Papa Gregório XII e do Imperador Católico. Fundaram a Igreja da Morávia em 1457.

2 – Causas Importantes da Reforma

  1. Os burgueses e os reis queriam livrar-se do poder político da Igreja sobre o poder que exerciam nos seus Estados Nacionais; procuravam conter a saída de recursos em forma de impostos/tributos cobrados pelo Papado. Além disso, procuravam nacionalizar as terras pertencentes a Igreja. Haviam outros problemas de ordem social enfrentados pelos membros do clero que possuíam feudos, onde as rebeliões de camponeses que reclamavam das condições de exploração do trabalho servil eram constantes.

  2. Outra prática condenável pelos fiéis era a venda de indulgências com a exploração dos sentimentos religiosos do povo e da burguesia. Segundo a teologia agostiniana, dominante até os fins do século XIII, “Deus, onipotente escolhia, de acordo com seus desígnios, aqueles que iriam para o paraíso e os que trilhariam o caminho da perdição, destinados ao inferno.” Santo Agostinho (13/11/354 a 28/08/430), considerava a como único sinal externo de que alguém pertenceria ao grupo dos escolhidos à salvação eterna, formando com a idéia de predestinação o binômio central da teologia desta época. Assim, muitos membros do clero auferiam grande riqueza com a venda de “passagens” para o “céu”. Aqueles que pagavam indulgências poderia reduzir seu pecados garantindo lugar no paraíso sem estadia no purgatório. A nova concepção tomista, de São Tomaz de Aquino (1225 a 1274) baseava-se no conceito de livre-arbítrio, onde considerava o ser humano com a possibilidade de colaborar com Deus no empenho total de conseguir a salvação, cabendo-lhe escolher o caminho do bem ou do mal.

  3. Nesta fase escolástica tomista, classe sacerdotal adquiriu importância de poder pois agora sua orientação era fundamental na definição do que era bem ou mal, do que era certo ou errado em todas as atividades humanas, inclusive no controle dos comportamentos e costumes da população, evitando assim, a contaminação com os pecados mundanos.

  4. Além das divergências teológicas, dificuldades econômicas e estruturais da Igreja, o comportamento ético e moral dos Papas preocupavam os fiéis. Sisto IV ou Francisco della Rovera (1414 a 1484), foi Papa de 1471 até a sua morte, começou a construção da Capela Sistina em 1473, que é usada até hoje para as reuniões do Colégio dos Cardeais destinados a eleger os novos papas e as Cerimônias da Semana Santa. Ficou também famosa por conter afrescos do grande pintor multi artista Michelangelo (1475 a 1564), mas também entrou para história como obra que beneficiou economicamente familiares do Papa, assim seu pontificado ficou maculado com acusação de nepotismo e simonia.

  5. Outro pontífice polêmico foi o Papa Alexandre VI, ou Rodrigo de Bórgia (1431 a 1503), que mesmo não tendo uma carreira religiosa considerável, conseguiu ser Papa em 1492 depois de ter, segundo seus opositores, mandado matar um de seus concorrentes e subornar alguns cardeais. Considerado o “mais terrível dos Papas”, foi também reconhecido como um grande mecenas do Renascimento, dando apoio financeiro a muitos artistas. Procurou aumentar o poder temporal do papado criando vastos territórios hereditários para os membros do alto clero bem como para seus próprios familiares, seus filhos mais conhecidos como César e Lucrécia Bórgia. Era famoso por realizar festas e banquetes regados a bom vinho e muitas mulheres. Todos na Itália conheciam suas amantes e filhos. Quando morreu assassinado em 1503, o célebre Maquiavel (1469 a 1527) disse: “...sua alma vai até Deus escoltada pela crueldade, pela corrupção e pela luxúria”.

3 – NOVA ÉTICA RELIGIOSA E TEOLÓGICAS

Durante o período medieval, a Igreja Católica, através da teologia escolástica de Santo Tomás de Aquino (1225 a 1274), afirmava que a propriedade privada e a riqueza só era moralmente aceitável/justificável enquanto condição necessária à assistência aos pobres e miseráveis. Os ricos, afirmava ele, “devem estar sempre dispostos a repartir e abrir a mão...”. Assim, formava-se uma ética paternalista cristã, que pregava que os comerciantes e mercadores deveriam vender suas mercadorias, produtos por preços justos que cobrissem somente os custos; o lucro com os empréstimos, aquele obtido por agiotas, a usura, era considerado um pecado extremamente grave.

Esta ética paternalista entrava em choque com os novos tempos econômicos, onde a nova classe emergente, a burguesia mercantil, não se sentia à vontade para auferir lucros cada vez maiores com suas atividades, temiam eles ir para o inferno. Assim, o movimento reformista religioso facilitou a construção de uma nova ética religiosa adequada ao espírito do novo sistema capitalista; surgirá a ética protestante.

4 – MANTINHO LUTERO SURGIU NO MOMENTO CERTO

MARTIN LUTHER (1483 A 1546), alemão, ordenou-se padre em 1507, tornando-se monge agostiniano; doutorou-se em 1512, dedicando-se ao estudo da doutrina de São Paulo (? a 65 d.C.) sobre o tema da Salvação, concluindo que esta depende exclusivamente da vontade divina, e só pode ser obtida pela fé.

A partir de 1513, foi professor-doutor na Universidade de Wittenberg iniciando sua luta reformista, quando o enviado do Papa Leão X (papa de 1513 a 1521), Johannes Tetzel (1465 a 1519) percorreu a Saxônia em 1517 vendendo indulgências. Lutero então denunciou-o, combatendo essa prática com a exposição das 95 Teses. Nelas, Lutero denunciava os abusos do monge dominicano que vendia indulgências para financiar a construção da Basílica de São Pedro e expôs suas idéias reformistas. Em escritos posteriores, negou a infalibilidade do papa, rejeitou as ambições políticas do papado. Afirmava a não intermediação entre homem de fé e Deus, negava assim a hierarquia e autoridade espiritual dos sacerdotes. Também propôs o fim do celibato. Rejeitou a doutrina da transubstanciação adotando a consubstanciação. Excomungado em 1521, recusou-se a abjurar suas heresias perante a Dieta de Worms de 1521.

Dieta era um conselho legislativo político deliberativo do Sacro Império Romano Germânico criada em 1356. Tal conselho era composto pelos príncipes, eleitores e delegados dos Estados Imperiais subordinados ao Sacro Império. A dieta mais famosa foi justamente a de Worms de 1521, na qual Lutero defendeu suas crenças. Presidida pelo rei católico espanhol Carlos V (1500 a 1558), que o declarou fora-da-lei, Lutero então refugiou-se no famoso castelo de Wartburg sob a proteção de Frederico da Saxônia. Este castelo, perto da cidade de Eisenach, sudoeste da Alemanha atual, foi construído no século XI, transformou-se num centro cultural de música de poesia por Hermano I, rei da Turíngia no século XIII. Posteriormente serviu de cenário, no século XIX, para a ópera de Tannhäuser (1844) do compositor alemão Wagner (1813 a 1883). O castelo serviu de refúgio a Santa Elizabeth da Hungria (1207 a 1231) e posteriormente ao próprio Lutero. nesta fase ele traduziu para o alemão o Novo Testamento. Em 1524/25, opôs-se à Guerra Camponesa ficando ao lado dos príncipes. Casou-se em 1525 com uma ex-freira Catarina de Bora com a qual teve 6 filhos.

Lutero foi autor de diversos hinos e de dois Catecismos de 1529, que eram a base da nova doutrina luterana. Tal doutrina consolidou-se após a Confissão de Augsburgo, que foi a declaração de fé luterana, apresentada em 25 de julho de 1530 à Dieta de Augsburgo e ao imperador Carlos V. Redigida por Philipp Melanchthon (1497 a 1560), que apresentou, leu o documento sendo o mesmo rejeitado, selando assim o rompimento definitivo com Roma.



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